ÉDER LUIZ: DESAFIOS DA NARRAÇÃO ESPORTIVA
COM UMA VISÃO
INOVADORA, ÉDER LUIZ DEIXOU DE SER APENAS LOCUTOR ESPORTIVO PARA IMPLANTAR
NOVOS PARADIGMAS NA TRANSMISSÃO DE FUTEBOL NO FM
Por Vander Felipe
Nascido no
interior de São Paulo, Éder Luiz há três décadas figura entre os principais
narradores esportivos do país não só no rádio, mas também na televisão com
passagens pela Rede TV, Bandeirantes e Record, porém nunca deixou de lado sua
paixão pela narração radiofônica, onde desenvolve um trabalho inovador que teve
início em 1997 na Band FM e se concretizou na Rede Transamérica misturando
humor com linguagem descontraída, que definitivamente caiu no gosto do público
jovem.
Dono de uma
voz marcante, Éder Luiz é administrador por formação e radialista por opção.
Paralelo às narrações, ele desenvolve um trabalho de gestão da equipe esportiva
da Transamérica, além da comercialização da grade de programação e o
gerenciamento da sua empresa de publicidade, Mídia Mix, onde ele me recebeu
para um bate-papo sobre os rumos da narração esportiva.
Vander Felipe:
Como você iniciou no rádio?
Éder Luiz: Eu comecei muito novo, primeiro como operador de som, depois comecei a
fazer as narrações em Santa Cruz do Rio Pardo, onde eu nasci, passei uma boa
parte da minha adolescência em Marília até que o Fiori Gigliotti me trouxe para
a rádio Bandeirantes. O Jota Júnior foi para a TV Bandeirantes, então abriu uma
vaga na rádio, aí o Fiori me chamou.
Vander Felipe:
Como surgiu a ideia de montar a sua própria equipe?
Éder Luiz: De 94 para 95 a rádio Capital queria montar uma
equipe esportiva. Na época houve um convite para o Osmar Santos, mas ele
declinou, então, a rádio Capital me procurou. Fui pra rádio Capital e montei
uma equipe. Lá se vão 15 anos...
VF:
Como surgiu a ideia de ter um humorista na transmissão e abrir espaço para
interação com o ouvinte?
EL:
Eu acho que foi uma maneira que
encontramos no primeiro momento, pois a Band FM tinha uma equipe de humor muito
legal. Na época eu percebi que se agente criasse um modelo que gerasse uma
interatividade com o público, no qual as pessoas pudessem fazer perguntas e
etc., então criamos essa figura de humorista, que é o Gavião, um grande
sucesso. As pessoas adoram as piadas, a maneira como ele interage e criou um
link entre o ouvinte e os profissionais que fazem as transmissões. Foi assim
que aconteceu.
VF:
Qual é o perfil de narrador/jornalista esportivo que você entende que hoje o
mercado necessita?
EL:
Particularmente, eu acho que a
narração na televisão é uma muito previsível, o formato é muito igual,
então, o que diferencia a narração de televisão é o carisma do narrador. O
modelo é muito engessado, em minha opinião.
VF:
O Silvio Luiz sai desse modelo engessado na televisão...
EL:
Em minha opinião, por isso,
ainda hoje o Silvio continua sendo um dos ícones da narração esportiva porque
tem um diferencial. Você ouve a voz do Silvio e rapidamente o identifica.
Existem vozes marcantes. O potencial vocal para desenvolver esse trabalho, eu
acho, muito importante, pois se você tem um material de voz legal, isso ajuda
na obtenção de um bom resultado.
Éder Luiz é responsável por
difundir as jornadas esportivas no FM pelo Brasil
Créditos: Transamérica
Esportes
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VF:
Nos congressos de rádio se fala muito que o futuro da transmissão esportiva
será mais conversado. Há alguns estudos nesse sentido que foram apresentados
recentemente. O que você acha desse “novo modelo de transmissão esportiva” mais
conversado, mais pausado, partindo da ideia de que atualmente muita gente
consegue assistir os jogos por dispositivos móveis em tempo real?
EL:
Deixa eu te falar uma coisa:
qualquer veículo de comunicação, rádio, televisão, revista, jornal, etc.,
funciona como qualquer outra empresa. O objetivo final é a obtenção de lucro.
Sempre têm os gênios da mídia que querem criar algo diferente. Há pouco tempo,
nós vimos algumas tentativas de se fazer esse rádio mais conversado. Em minha
opinião, produto bom é aquele que vende e se sustenta. Veja quantos anunciantes
tem a Transamérica, a rádio Bandeirantes, a rádio Globo e quantos anunciantes
tem esses novos experimentos que estão por aí. Eu acho que por si só a resposta
está aí. Eu acho que se vende o que é bom.
VF:
Qual é a principal dica que você deixa para quem quer ser especialista em
narração esportiva?
EL: Seja apaixonado pela profissão. Se você achar que
apenas gosta disso, esqueça! É uma carreira difícil, tem que lutar e provar
sempre para ter o seu lugar, seu espaço. É necessário ter dedicação plena. Eu
tenho prazer de realizar o meu trabalho. Então é isso, você tem que ter vontade
de acontecer.
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